Ação mobilizou 2,5 mil agentes e resultou em 81 prisões; moradores relatam clima de guerra nas favelas
Uma megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, deixou ao menos 64 mortos e 81 pessoas presas, segundo informações confirmadas.
A ofensiva, considerada a mais letal da história do estado, reuniu cerca de 2.500 agentes das polícias Militar e Civil. O alvo era o Comando Vermelho (CV), facção que domina parte das favelas da região.
Moradores relataram intenso tiroteio desde as primeiras horas do dia, helicópteros sobrevoando as casas e barricadas nas ruas. “Parecia uma zona de guerra”, disse uma moradora. Escolas e unidades de saúde suspenderam as atividades, e ônibus foram queimados em retaliação à ação policial.
O governador Cláudio Castro afirmou que “a operação quase não foi percebida pela população”, alegando que os confrontos ocorreram em áreas de mata. A declaração provocou reação de parlamentares e ativistas, que classificaram o episódio como “massacre de Estado” e “genocídio das favelas”.
Foram apreendidos mais de 75 fuzis e grande quantidade de munições e drogas. No entanto, especialistas em segurança pública alertam que ações desse tipo têm efeito limitado, já que o crime organizado tende a se reestruturar rapidamente.
O Ministério Público do Rio e a Corregedoria da Polícia Civil abriram investigação para apurar possíveis excessos. Organizações de direitos humanos pedem transparência nos laudos e acesso às imagens das câmeras corporais dos agentes.
O Complexo do Alemão, formado por 13 favelas, é historicamente palco de confrontos entre forças de segurança e o tráfico de drogas. Mesmo após grandes ocupações, como a de 2010, a violência continua sendo uma realidade diária para seus moradores.
