O vereador de Querência (900 KM de Cuiabá), Edmar Lúcio Batista (PDT), que quase foi morto pelo “colega” de parlamento, Neiriberto Martins Erthal (PSC), passa a responder a um processo que pode culminar com a cassação de seu mandato pelo episódio. Neiriberto também responde ao processo e ambos foram afastados do mandato durante o período de investigação.
O episódio, que ganhou a mídia nacional, ocorreu em plena sessão da Câmara de Vereadores, ocorrida em 21 de março de 2022.
De acordo com o parecer preliminar da comissão processante, instaurada, inicialmente, para cassar Neiriberto Martins Erthal após o incidente, o próprio agressor solicitou ao grupo que a vítima, Edmar Lúcio Batista, “incidisse nas mesmas penas requeridas na denúncia”. O documento é do último dia 3 de maio.
A comissão, formada pelos vereadores Jean Carlos Azevedo Faria (PSDB), Adeal Antônio Almeida (União Brasil), e até mesmo Razaiane Silva Angra da Silveira, colega de partido de Edmar no PDT, acatou o “pedido”.
O parecer preliminar da Comissão Processante publicou a defesa prévia de Edmar Lúcio Batista. O vereador alegou que, na verdade, Neiriberto Martins Erthal foi quem sofreu a representação pela cassação. O pedido foi protocolado pelo deputado estadual Ulysses Moraes (PTB) no mês de março de 2022.
Já o vereador que atirou contra o colega colocou a culpa do incidente na pandemia do novo coronavírus (Covid-19), dizendo que “esta utilizando medicamentos que são capazes de ‘mexer com a sua ansiedade’, e já existem estudos comprovados quanto os ‘efeitos negativos da pandemia’, como ansiedade, depressão, estresse e até ganho de peso”.
Ainda em sua defesa, Neiriberto Martins Erthal, que é sargento da Polícia Militar, revelou que vem recebendo supostas “ameaças de morte realizadas no app WhatsApp”, e que, segundo ele, “471 pessoas assinaram um abaixo assinado pela não cassação do seu mandato”.
AFASTAMENTO E POSSE DE SUPLENTE
Na decisão, a comissão processante achou por bem abrir o processo de quebra de decoro parlamentar contra os dois vereadores, determinando o afastamento de ambos os membros da Câmara Municipal. “Destarte, por todo o exposto, esta Comissão Processante opina pela continuidade da investigação da denúncia apresentada em desfavor dos vereadores Neiriberto Martins e Edmar Lúcio Batista, por não ter convencido e tampouco à esta comissão sobre sua inocência, bem como da necessidade do afastamento dos mesmos dos cargos de vereadores”, diz trecho do parecer.
Nesta quarta-feira (18), a Câmara de Querência deu posse aos suplentes dos vereadores afastados – Divino Goiamat (PDT), no lugar da vítima da tentativa de homicídio, e Rosiane Galvão (PSC), que ocupa provisoriamente o cargo do agressor.
VERGONHA NACIONAL
A confusão em plena Câmara de Querência ganhou destaque em todo o Brasil após uma sessão em que os vereadores analisavam uma proposta para aumentar a quantidade de membros do próprio parlamento, de 9 para 11.
Em imagens registradas por câmeras de monitoramento, Neiriberto discute com Edmar dizendo “o trabalho aqui é feito e é organizado. Vossa excelência, seja homem e assuma…”. Antes de terminar a fala, ele se levanta, vai em direção ao colega, e dá um soco na vítima.
Após a agressão, Neiriberto se desequilibra e cai no chão, momento em que Edmar revidou o soco. Após intervenção da PM, o agressor se afasta, saca uma arma, e aperta o gatilho. Para a sorte de Edmar, a pistola “falhou”.
Apesar de ter disputado as eleições com a alcunha de “Professor”, Neiriberto é, na verdade, sargento da Polícia Militar, e por isso anda armado, mesmo dentro do plenário. Ele faz parte da Mesa Diretora e ocupa o cargo de 1º secretário.
