A direção dos Correios está solicitando a colaboração de seus funcionários diante da crise financeira enfrentada pela estatal, que encerrou o ano de 2024 com um prejuízo acumulado de R$ 2,6 bilhões.
Como parte de um plano emergencial de recuperação, a empresa propôs medidas que incluem o adiamento das férias de 2025 para 2026 e a redução da jornada de trabalho, acompanhada de corte proporcional nos salários.
De acordo com fontes internas, a administração da empresa justificou as medidas como alternativas para evitar demissões em massa e a interrupção de serviços considerados essenciais, como a entrega de correspondências e encomendas em áreas remotas do país. A proposta, no entanto, gerou reações imediatas entre os servidores e sindicatos da categoria, que classificam as ações como “penalização aos trabalhadores”.
Em nota enviada aos funcionários, os Correios afirmam que “a colaboração dos empregados é essencial neste momento crítico para garantir a continuidade das operações e a sustentabilidade da empresa”. A estatal não informou quantos funcionários seriam diretamente afetados pelas mudanças, mas estima-se que as medidas impactem a maioria dos servidores administrativos e operacionais.
Entidades sindicais já se mobilizam para discutir a legalidade e os impactos das medidas. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT) afirmou que qualquer alteração em direitos trabalhistas como férias e jornada deve passar por negociação coletiva. “A empresa está tentando impor sacrifícios aos trabalhadores sem apresentar um plano claro de recuperação. Os erros de gestão não podem recair apenas sobre os ombros de quem mantém o serviço funcionando”, disse um representante da entidade.
Os Correios vêm enfrentando dificuldades financeiras recorrentes nos últimos anos, pressionados pela concorrência com empresas privadas de logística, digitalização dos serviços postais e queda no volume de correspondências. Embora tentativas de modernização estejam em curso, a estatal ainda depende fortemente de subsídios públicos e enfrenta resistência política quanto a privatizações.
Em meio a esse cenário, a direção da empresa alega que o pacote de medidas emergenciais é temporário e pode ser revertido caso a situação financeira da estatal melhore nos próximos trimestres.
As negociações entre a direção da empresa e os sindicatos devem se intensificar nas próximas semanas, com a possibilidade de judicialização do caso ou paralisações por parte dos trabalhadores.