No ringue eleitoral

É ano de Copa do Mundo, um detalhe. O que vale mesmo é ano de eleição no Brasil. E em eleição diz-se de tudo, faz-se de tudo, o inconcebível, o que não é possível. Releva-se tudo. Quase tudo. Só a derrota não tem perdão. Em resumo, pode-se tudo em eleição. Só não pode perder. Afinal e apesar dos sentimentos populares ela é para profissionais. Então, resumindo o resumo temos que eleger os nossos nesse jogo. Mas quem são os nossos!

E numa rápida e superficial passagem com os extremos Bolsonaro (“Acabou, Porra! Ratatatatá”) e Lula (“Nunca danti na istóia deti país!”) os ânimos estão mais de brigar e chorar como estratégia de campanha pelo menos de momento, como que demarcando espaços e separando o joio do trigo. Ah, gostaram do joio e do trigo! Então, tem mais esta “ Ide e olhai os lírios do campo. Eles não fiam nem tecem, mas nem Salomão no esplendor de sua gloria vestiu-se como um deles”. É a alegoria do Sermão da Montanha do supremo pregador.

Mas nem Bolsonaro nem Lula estão para o lirismo bíblico de admirar as flores do campo. Bolsonaro por não entender a alegoria e por seu perfil mais contencioso, briga com a Montanha. (“Ah, pópará. Ai, tem! É da Grobo, né! Só podia sê!”). É Bolsonaro nervoso e iroso, com desdém e ironia num rosto que parece que falta alguma coisa. Mas ele entende errado ou acredita mesmo que brigar vai ganhar a eleição. Vai não.

As brigas têm sido o legado dele. Ah, fez muito! Melhor, brigou muito. Brigou com os presidentes da Câmara Federal, do Senado Federal, brigou com o STF, com Sérgio Moro, com a Globo, com o TSE, com a Folha, Estadão, Uol brigou contra as urnas eletrônicos, contra o sistema eleitoral brasileiro, brigou contra as vacinas, blábláblá. Fez beiço e pirraça com os presidentes argentino e americano. E julga que isso o torna popular aos eleitores. Pesquisas não mostram que têm dado certo.

Lula vai ao Nordeste e chora, retorna ao nordeste e chora de novo. Fala da sua família e chora, das injustiças sofrida na cadeia e chora, culpa a Operação Lava Jato e chora, ataca o Moro e chora, fala da nova namorada que arrumou quando estava preso e chora. Não se sabe se chora a favor ao contra ter a namorada. Chora pelo tempo que ficou preso, tempo que – diz ele que – leu sete livros.  A cada novo fato adiciona seu choro a favor ou contra.

Pesquisas  mostram que chorar tem dado mais certo até agora do que ameaçar e brigar. Brasileiro é sentimentalista, não vingativo, prefere o coitadinho ao valentão. Lula então chora com alegria as suas tristezas e Bolsonaro chora de raiva do choro de Lula.

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