A Polícia Federal concluiu, hoje, com o Ibama e Exército a Operação Prepori que combateu crimes de desmatamento, corte seletivo e furto de madeira no Parque Indígena do Xingu, na região dos municípios de Feliz Natal, Nova Ubiratã, Paranatinga e União do Sul.
As investigações constaram atuação de organização criminosa composta por alguns madeireiros locais e alguns líderes indígenas e iniciaram a partir de inúmeras denúncias de extração ilegal de madeira na região do Entre Rios em Nova Ubiratã. A PF informa que os envolvidos estavam tendo “grandes lucros com a atividade ilegal e impondo silêncio à maioria indígena descontente. A ação no território indígena também é uma reivindicação dos próprios Caciques e Lideranças dos 16 Povos Indígenas do parque, conforme Carta da 8ª Governança Geral do Território Indígena do Xingu”.
Peritos da Polícia Federal elaboraram laudos constatando em imagens de satélite a ocorrência de grande número de clareiras de extração recente de madeira em uma área degradada total de cerca de 7,8 mil hectares, madeira essa que em valores conservadores equivale a cerca de R$ 170 milhões. Também foram constatadas áreas de extensão equivalente de queimadas, índicos de exploração ilegal de madeira. O prejuízo proveniente da evasão/destruição de recursos florestais somado à degradação ambiental dentro da terra indígena foi valorado em cerca de R$ 1,7 bilhão.
Equipes fizeram infiltrações por terra e ar em pontos específicos das terras indígenas indicados por análise de imagens de satélite de altíssima resolução do programa Brasil M.A.I.S. da Polícia Federal e constataram grande número de esplanadas de madeira com grande volume de toras recém abatidas, pátios de desdobramento de lascas e palanques feitos de essências florestais de grande valor como Itaúba, Morcegueira, Cambará e Angico.
Foram destruídos tratores, maquinários e caminhão toreiro. Os dados, imagens e trilhas mapeadas integrarão um dossiê sobre a degradação do vale do alto Rio Xingu que reforçará inquérito policial a fim de agregar provas e solicitar a prisão dos autores, bem como a perda de seus bens. Após a ação policial e administrativa no Parque Indígena, as investigações prosseguirão para responsabilizar os financiadores e demais envolvidos na extração ilegal de madeira no território indígena, ação criminosa que provoca grandes danos ao meio ambiente e à população indígena da região, além do desequilíbrio no mercado financeiro.
O nome dado à Operação se refere ao Cacique da etnia Kayabi que teve atuação destacada e decisiva na pacificação e consolidação da comunidade de povos do Parque Indígena do Xingu. Mais de 90 agentes da Polícia Federal e do Ibama participaram da operação, que contou com ainda com o apoio Funai, Técnicos em Comunicação do Siospe e do Exército. Foram utilizados dois helicópteros do Ibama e um do Ciopaer, informa a PF.