A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (20), em Sorriso (MT), a segunda fase da Operação Rustius, com o objetivo de aprofundar a investigação sobre indícios de caixa 2 na campanha do prefeito eleito Alei Fernandes (União Brasil).
Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juiz Eleitoral de Garantias do Núcleo I do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT). A operação visa reunir novos elementos que corroborem as suspeitas de irregularidades financeiras na campanha eleitoral.
De acordo com a PF, há indícios de que diversas transações financeiras relacionadas à campanha foram realizadas de forma ilícita, com o objetivo de ocultar gastos que excederiam o limite permitido por lei. Conforme explicou o delegado Tiago Pacheco, responsável pela investigação, um empréstimo superior ao teto de campanha teria sido feito por meio de uma empresa ligada ao candidato e depois fragmentado em quantias menores, transferidas para contas de laranjas que realizaram doações oficiais.
Ainda segundo a Polícia Federal, parte dos recursos teria sido utilizada para pagar serviços fora da contabilidade oficial ou atribuída indevidamente a campanhas de candidatos a vereador. “Diversos cabos eleitorais que atuaram na campanha do prefeito foram declarados nas prestações de contas de vereadores, caracterizando um esquema de triangulação para burlar a fiscalização”, afirmou o delegado.
A investigação também aponta que houve pagamentos em espécie a prestadores de serviço, contratação de empresas de dados e pesquisas sem registro na contabilidade da campanha, além da utilização de pessoas jurídicas em doações ilegais. A PF vê indícios de abuso de poder econômico na disputa eleitoral.
Até o momento, 17 pessoas foram formalmente indiciadas pelo crime de falsidade na prestação de contas eleitorais, tipificado no artigo 350 do Código Eleitoral, cuja pena pode chegar a cinco anos de reclusão.
A primeira fase da Operação Rustius foi deflagrada em dezembro de 2024 e teve como principal alvo o agricultor Nei Francio, apontado como um dos principais financiadores da campanha de Alei Fernandes, eleito com 25.255 votos (51,33% dos válidos). Nessa etapa, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão, e Nei foi submetido a medidas cautelares, como a entrega do passaporte, proibição de deixar a cidade e restrição de contato com outros investigados.
As investigações começaram dias antes do pleito, após a apreensão de R$ 300 mil em espécie no dia 3 de outubro, na BR-163, em Sorriso. O dinheiro era transportado pelo agricultor apoiador do então candidato.
A PF segue com as apurações.