Uma pesquisa realizada pela empresa Tracking Pesquisas e divulgada pelo portal HiperNotícias aponta que a gestão do prefeito de Sinop, Roberto Dorner (PL), é aprovada por 62,5% dos eleitores do município. O dado tem sido amplamente compartilhado nas redes sociais pelo próprio prefeito.
Entretanto, alguns pontos da divulgação levantam questionamentos sobre a metodologia adotada, a contratante do levantamento e a forma como as informações vêm sendo usadas politicamente.
Segundo o HiperNotícias, o estudo entrevistou 400 eleitores entre os dias 22 e 24 de novembro, com margem de erro de 5 pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%.
Pesquisas com amostras reduzidas costumam ter variações significativas conforme o recorte de região, idade e renda, informações que não foram detalhadas no material divulgado.
Outro ponto que não aparece na publicação é quem contratou a pesquisa, dado obrigatório em levantamentos que envolvem opinião pública sobre gestores. A ausência dessa informação impede que o eleitor saiba se o estudo foi financiado por empresa privada, por agente político ou por algum grupo ligado à administração.
Comparação com a eleição também suscita dúvidas
A matéria compara o índice de aprovação (62,5%) com o desempenho eleitoral de Dorner nas urnas em 2024, quando venceu com 68,41% dos votos. Especialistas consultados por veículos de imprensa costumam alertar, porém, que aprovação de gestão não é necessariamente equivalente à intenção de voto passada ou futura, o que torna a comparação incompleta.
O levantamento informou ainda que 25,8% dos entrevistados rejeitam a administração, enquanto 11,8% não souberam ou não responderam. Considerando a margem de erro de 5 pontos percentuais, a aprovação poderia variar entre aproximadamente 57% e 67%, o que tecnicamente amplia a distância entre os números reais e os apresentados.
Após a divulgação, o prefeito Roberto Dorner publicou o resultado em suas redes sociais com peças gráficas destacando o percentual de aprovação. No entanto, especialistas defendem que pesquisas não registradas em período pré-eleitoral ou pós-eleitoral devem ter seus dados analisados com cautela, principalmente quando são amplamente utilizadas para reforçar narrativas políticas.
A divulgação parcial de metodologias e a falta de informações completas sobre contratantes e parâmetros de pesquisa podem comprometer a credibilidade de qualquer levantamento de opinião.
Por isso, a transparência total é essencial tanto para o eleitor quanto para os veículos que reproduzem esses dados.
