Durante sessão plenária na Assembleia Legislativa de Mato Grosso nesta quarta-feira (30), a deputada estadual Janaina Riva (MDB) fez um duro pronunciamento denunciando o colapso na saúde pública nos municípios do interior do estado.
Em seu discurso, a parlamentar apresentou um áudio do suplente de deputado estadual Leandro Damiani, que relatou o drama vivido por uma idosa de 67 anos em Sorriso. Mesmo com diagnóstico grave e classificação de prioridade zero, a paciente esperou quatro dias por uma vaga de UTI.
“Agora imaginem vocês, se em Sorriso está assim, calculem as cidades menores que não estão passando por isso”, alertou Janaina. Segundo a deputada, há pacientes que aguardam por leitos de terapia intensiva por até oito dias, mesmo com regulação de urgência. “A saúde virou um privilégio de quem tem acesso a um deputado, à Defensoria ou ao Ministério Público. Porém, tem muita gente humilde que nem sabe como buscar ajuda.”
Além do caso da idosa com paralisia nos membros, Janaina destacou outro episódio, também em Sorriso, envolvendo uma senhora de 65 anos com fratura no braço. Após 11 dias de espera por uma cirurgia no Hospital Regional, o município teve que contratar um leito em hospital particular ao custo de R$ 400 por dia — valor que já ultrapassa R$ 4 mil. “Isso tem um custo altíssimo, tanto financeiro quanto humano. É inadmissível que o Estado transfira essa responsabilidade aos municípios”, afirmou a parlamentar.
Janaina também mencionou que, em visitas recentes a diversos municípios ao lado do deputado Dr. João José, membro da Comissão de Saúde da Casa, ouviu de prefeitos, vereadores e profissionais da área relatos semelhantes. “O que mais pedem é ambulância e van. A centralização dos serviços em Cuiabá e a falta de estrutura dos hospitais regionais estão obrigando pacientes a viajar até mil quilômetros para fazer uma cirurgia simples. Não é razoável.”
A deputada cobrou providências imediatas do governo estadual e fez um alerta contundente: “Hoje, só estamos conseguindo UTI com mandado de segurança. Viramos auxiliares de saúde pública. E quem não tem acesso à Justiça ou a um deputado? Esses estão morrendo e nem ficamos sabendo”, concluiu.