O governador, Mauro Mendes (UNIÃO BRASIL), encheu de alegria os ouvidos e olhos de ambientalistas e comunistas do mundo inteiro ao criar uma enorme preocupação em quem produz quando sugeriu o ‘confisco e perda de bens a quem pratica desmatamento ilegal em Mato Grosso’.
A proposta polêmica de Mendes foi feita diretamente ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. As medidas foram apresentadas durante reunião na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27), em Sharm El Sheik, no Egito, nesta semana, e foi duramente criticada por políticos mato-grossenses.
Mendes lembrou no encontro que o desmate ilegal causa prejuízo enorme, não somente para o meio ambiente, mas para a imagem e economida de Mato Grosso como um todo.
“Eu proponho uma medida forte para combater o desmatamento ilegal: perdimento da área de terra para quem fazer o desmatamento ilegal. Quem fez e ficar comprovado toma para si a responsabilidade. É game over. Se desmatar ilegalmente, aquela área, aquele CAR [Cadastro Ambiental Rural] fica perdido. Se não for área regularizada, fica decretada a perda da posse”, explicou.
Reações
A fala foi duramente criticada pelo deputado estadual, Ulysses Moraes (PTB), durante sessão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Segundo o parlamentar, Mendes seria um “governador melancia’”, já que defendeu o confisco e perdimento de terra de quem faz desmatamento ilegal em Mato Grosso.
“O governador sempre foi de esquerda. Estamos à beira do comunismo, meus senhores. Esse discurso é do MST”, disse na tribuna, nesta quarta-feira (16).
Diante da repercussão, o deputado estadual, Carlos Avalone (PSDB), afirmou que chamará o governador no parlamento para explicar a sua declaração e o que debatia na CPO27, no Egito.
A deputada estadual Janaina Riva (MDB) classificou como “infeliz” a fala de Mauro. Ela ainda acusou a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) de não fazer um trabalho eficiente para inibir o dano ambiental.
O bolsonarista, Gilberto Cattani (PL), foi outro a criticar a ameaça de avanço do Governo do Estado sobre a propriedade privada. “Se for confiscar um produtor rural por ter feito uma limpeza de pasto, por exemplo, que muitas vezes é confundida com desmatamento ilegal, primeiro nós devemos confiscar quem assaltou os cofres públicos do nosso estado. Até hoje, nós não vimos esse dinheiro retornar”, alfinetou.
Já o deputado federal, José Medeiros (PL), afirmou que o governador deve ter se empolgado com o ambiente em que estava e esqueceu da realidade do estado que comanda.
“Deve ter tentado se entrosar com o povo que estava lá e falou mais que devia. O produtor rural no Brasil já é exposto à legislação ambiental mais draconiana do mundo, obrigado a reduzir sua produção para preservar boa parte de sua área, coisa que nenhum país do mundo fez e faz. Aí o governador agora coloca uma pulga atrás da orelha destas pessoas com a possibilidade de perderem a terra por um entendimento, na maior parte das vezes, dúbio por parte de fiscais e juízes, que têm pouca ou quase nenhuma noção da realidade do campo. É óbvio que somos totalmente contra”, frisou