A crise na saúde pública de Sinop foi o principal tema debatido na sessão ordinária da Câmara Municipal, realizada na última segunda-feira (29). Em meio às críticas e cobranças, o pronunciamento do vereador Dr. Marcos Vinícius (PSDB) se destacou por adotar um tom autocrítico e por propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as deficiências no sistema municipal de saúde.
Antes da sessão, os vereadores participaram de uma reunião com o secretário municipal de Saúde, Dr. Miranda, para discutir os recorrentes problemas de atendimento na rede pública. O encontro, no entanto, não foi suficiente para unificar os discursos no plenário. Enquanto alguns parlamentares pediram a exoneração do secretário, outros defenderam o prefeito Roberto Dorner (PL), responsabilizando a empresa terceirizada que administra a saúde no município.
Na contramão desses posicionamentos, Dr. Marcos Vinícius surpreendeu ao dividir a responsabilidade pelas falhas no atendimento com os próprios vereadores. “A responsabilidade de cada morte que passa na UPA é nossa também, é dos vereadores também. Porque nós temos que fazer valer nosso poder de fiscalização”, afirmou o parlamentar, visivelmente emocionado.
O vereador ainda defendeu a abertura de uma CPI da Saúde, com o objetivo de investigar as causas da precariedade no atendimento e cobrar ações efetivas do Executivo. “Se for preciso, que abramos uma CPI. E, se necessário, que traga o prefeito a esta tribuna, e não o secretário”, declarou.
Durante seu discurso, Vinícius também relembrou uma promessa feita por Dorner durante a campanha eleitoral, na qual o então candidato se comprometeu a garantir atendimento na UPA em até 15 minutos. Segundo o parlamentar, a atual realidade da unidade está longe de atender esse compromisso.
Em tom crítico, o vereador ainda cobrou coerência de colegas que, segundo ele, “defendem o povo no discurso e votam contra o povo na prática”. Ele citou como exemplo a aprovação de projetos do Executivo, como o repasse de R$ 1,5 milhão para a realização da Exponorte e a recente reforma administrativa, que prevê a criação de 110 cargos comissionados com impacto mensal de R$ 1,48 milhão. “E para a UPA?”, questionou.
Ao final da sessão, Dr. Marcos Vinícius apresentou uma indicação solicitando a contratação urgente de mais médicos e enfermeiros para a Policlínica e a UPA. A proposta foi aprovada por unanimidade, mas, até o momento, o Executivo não se manifestou sobre a demanda.
A proposta de CPI ainda não tem data para ser discutida oficialmente, mas deve dominar os debates nas próximas sessões da Câmara.
